Somos a Kasa Okupa Cultural Jiboia desde janeiro de 2022. Mais de 20 anos de abandono, 38 mil pessoas em situação de rua e vulnerabilidade. Mais de 48 mil imóveis ociosos e vazios, especulação imobiliaria, gentrificação. Cidade cada vez mais branca, urbanamente predatória, escassez e competição.
Nesse cenário resistimos pelo direito a moradia e a não privatização do museu Joaquim José Felizardo, fazendo a movida cultural em meio as ruínas transformando húmus resultante do abandono em canteiros: milho, abóbora, tomate, manjericão, coentro, abacate, bananeiras, girassois... Queremos recuperar a memória do territorio, a nutrição da terra, desde o compromiso coletivo pela destruição das ideias coloniais a partir do apoio mútuo, com propósito e intenção de trilhar o horizonte da autogestão.
SOMOS DISSIDENTES, LGBTQIA+, MULHERES E ANIMAIS NÃO HUMANES! Somos um contraponto dessa sociedade que afirma violentamente padrões de beleza, corpo, saúde e comportamento em normas e estruturas sexuais, de gênero e raça, que juntos formam um pacto social que anula existências, invisibiliza vivênciais e planeja nos varrer pra debaixo do tapete no país que mais mata pessoas trans e que mais consome pornografia trans. Compreendemos que pra criar um espaço seguro a nós realizamos a Kasa Okupa Cultural Jiboia com o propósito da libertação do monopólio racista e sexista do poder branco-cis-hétero.
Nos organizamos e mesmo com poucos recursos estamos construindo esse espaço de segurança emocional e material entre mulheres, comunidade lgbtqia+, pessoas negras e índigenas como uma forma, não só de redução de danos da violência e proteção da nossa existência no dia-a-dia, mas principalmente, da expansão da nossa potencialidade a partir da focalização em nossa existência múltipla e singular, acolhendo nossas subjetividades, perspectivas e vivências em busca do fortalecimento da autonomia individual, coletivamente.